O sorriso de Mona Lisa
O que lecionar em uma turma em que, no primeiro dia de
aula, já sabe todo conteúdo, pois havia lido e decorado a apostila nas férias?
Mas, até que ponto ler e decorar apostilas significa ter um real conhecimento
sobre “as coisas” e sobre o mundo?
Esse é o dilema com o qual se depara a professora Katherine
Watson (Julia Roberts) ao ingressar, após muita luta, na escola feminina de Wellesley
(Ensino Médio), para lecionar História da Arte, em 1953/1954.
Julia/Katherine
Se hoje ainda é possível encontrar escolas tradicionalistas (bem diferente de
tradicionais), o que pensar dos anos 50?
A cultura de Wellesley era pautada nos cânones e, consequentemente,
as aulas de História da Arte; desconsiderava e menosprezava a
contemporaneidade. Nessa escola, as alunas eram preparadas para, após o Ensino
Médio, seguirem a carreira de donas-de-casa, aprendendo coisas como: cultura
canônica, idiomas, etiqueta, recepcionar pessoas. A visão é que não existia
vida fora do casamento. Essa ideia já estava tão embutida nas alunas que o
sonho da maioria era conseguir um marido em potencial.
Vivenciando problemas da escola e problemas em sua
própria vida sentimental, Katherine busca, de todas as formas possíveis,
transformar os conceitos e as ideias das alunas. Assim como busca transformar
sua vida: ela quer ser feliz, mas quer que as coisas façam sentido, não
aconteçam porque devem acontecer (casar porque se deve casar etc.).
Começa a trazer elementos da contemporaneidade para
compor suas aulas e instigar o pensamento livre de suas alunas, que passam a
despirem-se de conceitos a tanto enraizados e começam a descobrir que há muito
mais na vida do que apenas o casamento e conceitos prontos: há muito que se
viver e que se descobrir.
Para não fugir à regra de que há sempre “uma pedra no
caminho”, existe Betty, a aluna rica, mimada, que se casa durante o ano letivo
e tenta fazer das aulas e da vida de Katherine um inferno, com sua arrogância,
prepotência e a certeza de que a mulher foi sim feita para casar e cuidar do
lar e do esposo. Ela infernizava a vida das colegas, fofocando, delatando,
metendo-se em tudo (“estou sendo sincera porque gosto de você”) e também escrevia
para uma espécie de jornal local, o que a ajudava a espalhar seu “veneno”.
Sua postura e pensamentos são radicalmente modificados
quando ela descobre que seu marido a está traindo. Sua mãe docemente a
conforta, afirmando: “esse é o preço que temos que pagar”. Temos mesmo???? Somos,
então, obrigadas a aceitar e fazer vista grossa às traições de nossos namorados,
maridos e companheiros? Discussões desse tipo serão difíceis de serem evitadas
após assistir esse filme.
Alguns consideram esse filme como a “versão masculina
de A sociedade dos poetas mortos”. Eu não os comparo. Apesar de perceber muitas
semelhanças entre eles, assim como em todos os que abordam diretamente a
temática escola/educação escolar.
Mona Lisa Smile é um filme americano de 2003, dirigido
por Mark Rosenthal, que tem no elenco, além de Julia Roberts, Kristine Dunst, como
Betty Warren (O homem aranha 1, 2 e 3, Jumanji); Julia Stiles (A identidade
Bourne, A supremacia Bourne, O ultimato Bourne, Dexter 5ª temporada, como Lumen
Pierce), como Joan Brandwyn; Maggie Gyllenhaal, como Giselle Levy (Secretária,
40 dias e 40 noites); Ginniffer Goodwin, como Connie Baker (Once
upon a time).
Ginniffer/Connie
Maggie/Giselle
Kristine/Betty
Julia Stiles/Joan
A trilha sonora do filme é muito boa e inclui a música Mona Lisa (que foi originalmente interpretada por Nat King Cole). E, claro, o filme faz fortes referências à obra de Leonardo da Vincci, que tem o mesmo nome.
Referência:
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